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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Um novo olhar para algumas atividades propostas nas escolas

Texto de Mary Grace publicado no dia 30/09/2011 blog das editoras Ática e Scipione que compartilhamos para sua reflexão!



Ao invés de “ocuparmos o tempo dos alunos”, que tal propormos exercícios de colaboração e atividades em rede?


Dias atrás, encontrei algumas amigas – também educadoras – e, conversa vai, conversa vem, acabamos nos lembrando de certas atividades escolares que tínhamos que fazer quando crianças. Nem sempre simpáticas ou prazerosas, elas eram propostas pelos nossos professores como tarefa da aula, lição de casa e, em outras ocasiões, como castigo mesmo. Enumero algumas a seguir (vocês, leitores, certamente terão experiências semelhantes a compartilhar):
  • Escrever várias vezes a mesma palavra em um caderno comum ou de caligrafia, com o objetivo de que os alunos fixem a escrita correta do termo (o grande problema é que acontece de alguns escreverem a palavra corretamente no exercício de repetição, mas depois errarem a grafia durante a produção de um texto).
  • Escrever várias vezes a tabuada, por não tê-la decorado ou como castigo por aprontar algo. Lembro-me de ter feito isso muitas vezes – mesmo depois de ter decorado as operações. Certamente a professora queria resolver dois problemas: o da indisciplina e o da própria disciplina. O grande entrave era que isso fazia com que ficássemos com mais raiva da tabuada, parte tão importante da matemática.
  • Procurar e recortar palavras de várias revistas. Nestes casos, a intenção do professor provavelmente é fazer o aluno pesquisar contextos e por meio da observação “memorizar” a escrita. O grande problema é que enquanto o aluno apenas recorta ou organiza palavras, ele não está necessariamente refletindo sobre as semelhanças e diferenças entre elas.
Lições do gênero são úteis para “ocupar o tempo dos alunos”, porém pouco efetivas por si só para a aprendizagem. É comum pensarmos “eu aprendo dessa forma, então meus alunos também aprenderão”; há, contudo, um conjunto de fatores que precisa ser considerado.


Se o aluno faz a cópia com atenção e busca compreender o que está fazendo, certamente poderá tirar proveito da tarefa. A falha da atividade é que é possível realizá-la sem “pensar muito”. Em casa, as crianças podem cumpri-la rapidamente, loucas para terem mais tempo para brincadeiras que realmente as interessem.
Tenho a prova disto em casa. Outro dia, meu pequeno precisava, como lição da escola, encontrar 20 palavras grafadas com “x”, porém pronunciadas com som de “ch”. Sem hesitar, ele digitou no Google: “Quero 20 palavras com ‘x’ e som de ‘ch’”. Em segundos, encontrou no site do Yahoo! Respostas a solução para a sua tarefa:



Ele achou, inclusive, muito curioso o fato de alguém ter tido a mesma ideia do que ele, ou seja, pedir na internet a solução para um “pequeno desafio” proposto em aula. Eu, particularmente, desde esse dia fiquei pensando sobre o proveito “educativo” que poderia tirar do episódio… Nós, educadores, a todo momento dizemos que precisamos entender como essa nova geração “pensa e age”, mas pouco nos atentamos para isso nas atividades que propomos.
Além de olhar para o que eles fazem, creio que seja preciso pensarmos na evolução das mídias sociais. O que a grande maioria dos internautas faz nesses espaços? Twitter, Facebook e Yahoo Respostas! fazem sucesso por alguma razão. O que motiva as pessoas que utilizam estes serviços? Como elas os utilizam? Como podemos aplicá-los na escola, aproveitando seu conceito?
Inicialmente, eu proporia atividades mais colaborativas mesmo para as situações em que os alunos precisem “fixar” algo. Por exemplo:
  • Sugerir que a turma faça perguntas em um blog ou mural virtual a respeito de uma dúvida ortográfica. Os colegas podem respondê-las com contribuições diversas: listas de palavras, regras explicadas com suas próprias palavras, questionamentos, dicas para aprender a redigir melhor, entre outros. Para participar, eles certamente consultarão a internet, livros e os próprios colegas. E, para avaliá-los, o professor pode considerar as respostas mais originais.
  • Busca por palavras “erradas” na internet. Os alunos poderiam investigar uma regra ortográfica e buscar frases em que as palavras estejam escritas de forma errada, propondo sua correção e explicando o porquê. Esse conteúdo poderia virar um blog de grande relevância – inclusive para outros alunos. Fora isso seria possível que eles entendessem que nem tudo que é publicado na internet está correto e sempre é preciso analisar criticamente as informações!
  • Escrever várias palavras no computador e observar como se comporta o corretor ortográfico. De que maneira ele ajuda e quando não é possível confiar em suas correções? Isso certamente contribuirá para que os alunos aprendam a usar essa tecnologia em favor de suas produções.
  • Pedir que os alunos criem uma espécie de game, digitando um texto ou várias palavras algumas vezes escritas corretamente e em outras com pequenos erros que podem confundir os demais. Na sequencia eles devem trocar de computador ou de arquivo e resolver o desafio: deixar todas as palavras escritas corretamente. Esta dinâmica obriga os alunos a pensarem, diferentemente do ato mecânico de simplesmente copiar palavras.
Enfim, com essas propostas iniciais, pensadas a partir de como as crianças buscam hoje solucionar seus desafios escolares, pretendemos contribuir com novas formas de pensar as atividades, de modo que os alunos sintam-se desafiados, construam e compartilhem suas aprendizagens.

Fonte:http://blog.aticascipione.com.br/eu-amo-educar/um-novo-olhar-para-algumas-atividades-propostas-nas-escolas (Crédito da foto de Mary Grace: Sonia Mele. Publicada originalmente no site do Instituto Claro)

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