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sexta-feira, 18 de março de 2011

Para Veet Vivarta, novos temas são resultado de amadurecimento do trabalho da ANDI

Veja entrevista com Veet Vivarta, secretário-executivo da ANDI, ex Agência de Notícias dos Direitos da Infância, agora ANDI-Comunicação e Direitos. O porquê da mudança do nome e da direção da agência, considerada uma das mais importantes na defesa dos direitos da infância no Brasil.

A trajetória do secretário-executivo da ANDI – Comunicação e Direitos, Veet Vivarta, nos últimos 15 anos se confunde com a história de 18 anos da organização. Nesta entrevista, ele fala sobre como o desenvolvimento da tecnologia social da ANDI levou a instituição a ampliar seu campo de ação em temas como inclusão, sustentabilidade e políticas públicas de comunicação.

A partir de hoje ANDI deixa de ser uma sigla e passa a ser uma marca. O quanto isso tem a ver com o desenvolvimento da instituição?

A ANDI, ao longo destes 18 anos de atuação, desenvolveu uma série de metodologias inovadoras no campo de mídia, direitos e desenvolvimento. As tecnologias foram construídas com foco no campo dos direitos da criança e do adolescente, fortalecendo a capacidade da imprensa brasileira e latino-americana em abordar essas temáticas, principalmente a partir de uma perspectiva de políticas públicas.

Na medida em que essas metodologias, que trabalham com aspectos de mobilização, monitoramento e qualificação, passaram a ser reconhecidas, elas começaram a receber maior atenção de agentes do campo socioambiental, interessados em aplicar ferramentas como monitoramento e análise de mídia em seu trabalho. Neste momento a ANDI passou a reaplicar suas metodologias nesses campos com resultados extremamente interessantes e isso acabou se mostrando um caminho que merecia continuidade.

O fortalecimento da agenda social nos últimos anos, especialmente ao longo desta última década, também nos levaram ao entendimento do conselho da ANDI de que deveríamos consolidar na missão da organização em novos temas como: mídia e gênero, mídia e equidade racial, mídia e deficiência, mídia e responsabilidade social corporativa, além das outras temáticas com as quais nós já trabalhávamos á alguns anos.

As metodologias de tecnologia social da ANDI passaram a ser utilizadas no debate de inclusão e sustentabilidade então?

Aqueles que acompanham o trabalho da ANDI sabem que temos trabalhado com o acompanhamento da mídia e com a qualificação das redações na área de mudanças climáticas e de direitos humanos, de forma mais ampla há algum tempo. Temos trabalhado com análise de mídia em temas como ciência, tecnologia e inovação, responsabilidade social corporativa, investimento social privado e isso tudo se estruturou em um novo eixo de trabalho da organização que é o de inclusao-e-sustentabilidade. É algo que a gente já vinha fazendo ao longo dos últimos anos e que agora está sendo integrado oficialmente a nossa missão.

A ANDI continuará trabalhando na área do jornalismo e os direitos da infância?

A ANDI não está trocando uma coisa pela outra. É no campo da Infância e da Adolescência que nós temos a aplicação completa de nossa metodologia. Os diversos tipos de ferramentas que a ANDI desenvolveu ao longo destes 18 anos são aplicados centralmente no campo da Infância e da adolescência e isso seguirá assim. Nós não pretendemos ampliar o nosso leque em ações de mobilização, por exemplo, em outros campos temáticos.

A ANDI acaba de completar 18 anos de existência: qual sua avaliação desses anos de atividade?

Eu tenho o privilégio de estar há 15 anos envolvido com as atividades da ANDI, tendo ocupado diversas posições no quadro da organização. O que sempre me surpreendeu de forma positiva nesta história é a forma orgânica como foram se desenvolvendo as metodologias que formam as tecnologia social da ANDI.

Todas essas ferramentas surgiram na identificação dos resultados positivos obtidos pela ANDI em seus projetos e na busca da organização com seus parceiros no sentido de aprimorar e aprofundar estes resultados. A maior parte das ferramentas que nós hoje utilizamos sugiram da identificação de necessidades dos nossos públicos, sejam eles as redações, as faculdades de jornalismo ou os atores sociais.

Esta estrutura que eu chamo de orgânica pode ser percebida em nossa história. A ANDI foi criada por jornalistas, no início da década de 90, a partir da necessidade de apoiar o Estatuto da Criança e do Adolescente a ser disseminado e apropriado no Brasil de forma ampla e para que aquela lei, tão interessante e tão consistente, pudesse sair do papel e se tornar realidade no país. Esta ideia encontrou eco nas redações, encontrou eco na sociedade brasileira e permitiu que as metodologias inicialmente propostas não só se mantivessem até hoje, mas que fossem diversificadas, atualizadas e aprofundadas de uma forma a gerar o que a gente chama hoje de uma tecnologia social.

Um dos debate centrais da instituição nos últimos tempos é o das Políticas Comunicação. Como a ANDI chegou a esse debate?

Há vários anos a ANDI trabalha com Políticas Públicas da Comunicação. Um exemplo foi o forte envolvimento da organização no debate sobre a implementação do novo sistema de classificação indicativa no Brasil, adotado em 2007. Realizamos em 2006 uma ampla análise da cobertura dos diários brasileiros, com aproximadamente 50 jornais, sobre as políticas de comunicação.

Juntamente com a Rede ANDI Brasil, nós participamos dos debates relativos a Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). Então é, de novo, um setor onde a ANDI organiza sua missão de maneira a refletir estes importantes passos que deu em anos recentes no sentido de responder à ampliação da agenda do direito à comunicação no País.

O que a ANDI está fazendo é atualizar a sua agenda em função de avanços extremamente importantes no campo da sociedade brasileira e latino-americana, muitos desses avanços, inclusive, resultantes da missão e das ações que a organização empreendeu ao longo das últimas duas décadas.

E como isso se integra ao debate de Mídia e Desenvolvimento onde a ANDI tem atuado fortemente?

Todo trabalho que a ANDI sempre realizou se enquadra neste campo de conhecimento que no cenário internacional tem sido conhecido como Mídia para o Desenvolvimento. No momento que estamos realinhando nossa missão, fica mais claro para quem nos acompanha o quanto a tecnologia social que desenvolvemos é uma ferramenta importante para o ecossistema midiático do País, pois apoia uma percepção da comunicação como instrumento central nas políticas de desenvolvimento inclusivo e sustentável que são fundamentais para o país e para o nosso continente.

E neste sentido, qual a importância da articulação internacional da ANDI?

Este campo da Mídia e Desenvolvimento vem articulando, nos mais diversos países, organizações da sociedade civil, estudiosos e instituições multilaterais de cooperação internacional. Estas entidades estão comprometidas com a consolidação de um corpo de referência neste tema que se beneficia da troca de experiências e da construção conjunta, a partir das expertises destes profissionais e destas organizações nos mais diferentes lugares do Mundo.

A ANDI, ao se inserir nesta construção, ganha maior proeminência e maior capacidade de ação. A organização procura contribuir no cenário internacional a partir da experiência no Brasil e na América Latina, ao mesmo tempo que enriquece seu trabalho, a partir do intercâmbio e do aprendizado com esses grupos de referência internacionais.

A articulação com as redes ANDI Brasil e ANDI America Latina continuam? De que maneira?

A articulação em rede é uma estratégia fundamental na história da ANDI e só tende a se ampliar. Nos alegra muito ver que as duas articulações tenham uma gestão cada vez mais independentes da ANDI, embora a organização ainda tenha uma participação muito ativa.

Apesar de manter uma articulação com o núcleo das estratégias da ANDI que deram origem, em 2000, a rede brasileira e, em 2003, a rede latina, elas também se apropriaram de outras ferramentas e outros instrumentos e seguem avançando a um movimento de novas formas de atuar no campo dos Direitos da Criança e da Adolescência a partir das ferramentas de comunicação.

Fonte: http://www.andi.org.br

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